quinta-feira, outubro 22, 2009

AOS MEUS AMIGOS...

Amigos, ainda…



Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas
jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhosque tivemos, dos tantos risos e
momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da
angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano,
enfim…do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades
continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.

Talvez continuemos a nos encontrar, quem
sabe…nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas
tolices…
Aí, os dias vão passar, meses…anos… até
este contacto se tornarcada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo….
Um dia os nossos filhos verão as nossas
fotografias e perguntarão:“Quem são aquelas pessoas?”
Diremos… que eram nossos amigos e……
isso vai doer tanto!
“Foram meus amigos, foi com eles que vivi
tantos bons anos da minha vida!

”A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes
novamente……Quando o nosso grupo estiver incompleto…
reunir-nos-emos para um último
adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.

Então faremos promessas de nos encontrar
mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para
continuar a viver a sua vida,
isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo…..
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde
amigo: não deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas
adversidades sejam a causa de grandes
tempestades….

Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!

Fernando Pessoa

sexta-feira, maio 22, 2009

...esta morte absurda (como se alguma houvesse que não o fosse)

Deus e o Terrível

Por JOÃO BÉNARD DA COSTA
Sexta-feira, 23 de Agosto de 2002

Para a Helena

1 - Chamou-se Odon von Horvath. Foi um dos muitos maiores daquela nebulosa de génios que alumiou com sete candelabros de ouro o chamado "apocalipse jubiloso", o de Viena, entre os finais do século XIX e os inícios do século XX.
Na Primavera de 1938, o ano do "Anschluss", Odon von Horvath, que já em 1933 fora forçado a abandonar a Alemanha, trocou Viena por Paris. Gide, que, por influência de Béguin, lera algumas das peças e romances dele, prometeu-lhe um vantajoso contrato com a Gallimard. A 1 de Junho, jantou com uns amigos. Estava particularmente bem disposto. Depois, decidiu ver a "Branca de Neve e os Sete Anões", em estreia europeia numa sala dos Champs-Elysées. Durante a projecção, desencadeou-se uma típica borrasca estival. Coisa de trovoada. Apesar disso, quando o filme acabou, Von Horvath resolveu atravessar a avenida. Tudo estava deserto, o hotel ficava perto. Um grande relâmpago fendeu ao meio um castanheiro. Um dos ramos atingiu-lhe a parte posterior do crânio. Morreu logo. Tinha 36 anos.

2 - No prefácio à primeira edição francesa de "Jugend ohne Gott" ("Juventude sem Deus"), último livro de Horvath, editado pela Plon em 1939, o tradutor e introdutor (Armand Pierhal) resume três atitudes típicas perante esta morte absurda (como se alguma houvesse que o não fosse). O fatalista invoca o destino: "Estava escrito." O materialista diria que, entre quatro milhões de parisienses, cada um deles tinha uma hipótese em quatro milhões de ser a vítima. Calhou a Von Horvath, podia ter calhado a qualquer M. Dupont ou a qualquer Mme Dupont. Teorias do acaso, cálculos das probabilidades. O crente pensaria nos insondáveis desígnios de Deus, que não cabe ao homem tentar perscrutar. Um dia, quando deixarmos de ver como num espelho, para ver "Face a Face", perceberemos.
Mas, no mesmo "Jugend ohne Gott", Odon von Horvath - ele próprio um crente -, num capítulo chamado "À procura dos ideais da humanidade", dá-nos ou dá-se outra resposta. O narrador, um professor perseguido por uma comunidade maléfica, identificável com um grupo nazi, vai falar com um padre num dos momentos mais tensos e trágicos da sua vida (um aluno assassinado). O padre cita-lhe Santo Inácio ("Entro, com qualquer homem, pela porta de casa dele, para, quando sairmos, o poder reconduzir para a minha"). Cita-lhe Anaximandro ("Todas as coisas regressarão de onde vieram, quando cumprirem o destino delas. Pois todos devem expiar a culpa da sua existência, segundo a ordem do tempo"). O professor acha-o "diabolicamente inteligente", mas não se convence com as razões dele para explicar os males do mundo. Até que se chega à passagem que, depois, domina o livro todo.
Diz o padre: "Deus vai por todos os caminhos." Objecta o professor: "Como é que Deus pode passar pelo caminho em que vivem estas crianças miseráveis, vê-las e não as ajudar?" "Ele calou-se. Bebeu do seu vinho a lentos golos meditativos. Depois, olhou-me de novo: 'Deus é o que há de mais terrível no mundo.'" O professor ficou tão estupefacto que nem acreditou no que tinha ouvido. Daí para diante, repetiu-o muitas vezes, como se se quisesse convencer a si próprio.
Os acontecimentos são-nos incompreensíveis porque queremos julgá-los imediatamente, antes de lhes conhecermos todos os prolongamentos e consequências. Mas, para Deus, não há o "imediatamente", não há a árvore que de súbito cai numa noite de trovoada. Há o tempo todo, todo o passado, todo o presente, todo o futuro. E é isso que é terrível. "O mais terrível no mundo."

3 - Jesus Cristo soube-o quando pediu ao Pai - que é Ele ou que também é Ele - que afastasse o cálice, na noite no Horto. Ou, na Cruz, quando perguntou: "Pai, Pai, porque me abandonaste?" No imediato da agonia e da morte, o Filho do Homem, que Ele também era, deixou de ver o tempo todo (ou só viu outro tempo todo, o nosso) e sentiu o terrível abandono de Deus, a terrível solidão de Deus. Mas nem é preciso ir até esse momento supremo. S. João, no seu Evangelho, quando narra a ressurreição de Lázaro, conta que Jesus "começou a chorar" e "estremeceu interiormente", quando chegou junto da sepultura de Lázaro, morto havia já quatro dias. Porque chegou Jesus tão tarde? Porque chorou Jesus? Porque estremeceu interiormente? Vinha para ressuscitar Lázaro e não devia haver razão para lágrimas, mas para sorrisos, como o da filha de Inger no filme de Dreyer. Admitamos que a sua natureza humana o levou a duvidar da possibilidade do milagre. Faltava tão pouco para que ele e Lázaro se reencontrassem no Paraíso que o choro permanece inexplicável. A não ser que, vendo todo o tempo e todas as mortes naquele morto que ele amava (S. João o diz), Ele chorasse por todos nós. Ele chorasse porque "não foi para morrer que nós nascemos" (como Jorge de Sena escreveu num poema belíssimo), ele chorasse "como um juiz na meta da corrida / torcendo as mãos de desespero e angústia / porque não pode fazer nada e vê / que os corredores desistem, se acomodam / ou vão tombar exaustos no caminho".
Talvez chorasse por ele próprio e pela Sua própria morte. Porque nós choramos sempre por nós na morte dos que amamos, porque morremos mais do que eles nesta vida reversa da Ressurreição.
S. Bernardo tem um sermão lindíssimo sobre este tema, respondendo aos frades de Clairvaux - aos seus frades - que o censuravam por ele permanecer fechado na cela a chorar, depois da morte de um irmão muito querido. O frei Mateus Cardoso Peres O.P. deu-me a ler esse sermão há muitos, muitos anos.

"E dizem-me: Não chores. Arrancam-me o coração e dizem-me: Não sintas. A minha resistência não é a da pedra, não é de bronze a minha carne. Sofro e choro e a dor é dentro de mim e não me deixa (...). Tenho medo da morte, da minha e da dos outros."

Ou, voltando a Dreyer, que há de mais belo do que as lágrimas de Mikkel, o viúvo, quando responde ao pai, que lhe diz que a alma da mulher está junto a Deus: "Não lhe amava apenas a alma. Amava-lhe também o corpo." A saudade dos corpos (daí a nossa necessidade de imagens) dói muito mais do que a saudade das almas.

4 - "A extrema grandeza do cristianismo vem de ele procurar não um remédio sobrenatural contra o sofrimento mas um uso sobrenatural do sofrimento."Meu Deus terrível, faz com que eu perceba o sentido desta frase de Simone Weil, publicada em "La Pesanteur et la Grâce", dez anos depois da morte de Odon von Horvath, que também escreveu no livro deste meu deposto Agosto que Deus, o Deus Terrível, é O que nos olha com olhos "calmos como os pântanos profundos do meus país natal" e "tristes como uma infância sem luz".

Assim me fico à tua beira.

Tu sabes que és tu.

sexta-feira, maio 15, 2009

Heróis com Trissomia 21

Sim, nós conseguimos!
Quem disse que os portadores de trissomia 21 não podem ter autonomia e trabalhar? Eis quatro exemplos de pessoas que provaram ser capazes de desempenhar tarefas úteis à sociedade


Rosa Ruela
12:14 Segunda-feira, 20 de Abr de 2009



Teresa Sousa Mendes tem passado os últimos 20 anos a contrariar os compêndios.
Neles lia que a filha não ia andar aos 12 meses, falar aos 2 anos, ler até aos oito. Muito menos aprender a usar o multibanco, divertir-se em saídas à noite com amigos ou ter uma página no Hi5 e um namorado com quem já passa fins-de-semana em família.
No saco que pousou aos pés da mesinha do Café-Teatro da Comuna, em Lisboa, está o figurino usado por Carolina na peça Perguntas de um Mendigo que Lê, de Brecht, o mesmo que ela vestiu para aparecer nesta revista, ao lado do também actor António Coutinho. Daqui a pouco hão-de ir as duas para casa, depois de um dia na Crinabel a filha e num gabinete de Recursos Humanos a mãe.
Foi um dia passado a trabalhar, diz Carolina, apesar de não receber salário naquela instituição de ensino especial e de solidariedade social. "O teatro era o meu sonho, agora é a minha profissão", ouvimo-la e acreditamos.
Depois de ter entrado em várias peças com o grupo da Crinabel, e de ter saído dos seus muros para fazer parte de um musical e de uma novela, aos 24 anos Carolina vê-se como uma actriz a tempo inteiro. Até nas dificuldades que prevê para o futuro. "Gostava de um dia poder viver sozinha com o João Pedro, o meu namorado. O único problema é o money, money, money", ri-se, esfregando os dedos.
Teresa há-de sorrir quando lhe contarmos esta parte da conversa com a filha.
Ela própria ainda não tinha 30 anos quando casou e decidiu ser mãe. "A Carol continua uma sonhadora, como é típico nas pessoas como ela." Aos 53 anos, sabe que a sua única filha não está preparada para deixar o ninho. "A sua autonomia é relativa."

DE UTOPIA EM UTOPIA

Este é um execerto de um artigo da Visão ver http://aeiou.visao.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=vs.stories/505283&sctx=1:10:crinabel

Vale a pena ler :)

quarta-feira, março 11, 2009

CRISE E PATRIMÓNIO CULTURAL - ROTA DO ROMÂNICO DO VALE DO SOUSA

Para quem acredita que com base no PATRIMÓNIO CULTURAL se pode construir um projecto de desenvolvimento regional (gerador de riqueza e emprego), este artigo vem uma vez mais reafirmar a justificação do trabalho da ROTA DO ROMÂNICO DO VALE DO SOUSA e do desafio que ela representa num contexto de crise.


CRISE E PATRIMÓNIO CULTURAL
Vasco Graça Moura, Escritor
“in Diário de Notícias de 11-3”

Haverá poucos Governos como o nosso, na afirmação de uma tendência irresponsável para gigantescos investimentos públicos que não terão qualquer efeito prático imediato na presente crise económica e muito menos no emprego. Terão, sim, a consequência do aumento demencial das responsabilidades internacionais do Estado e da mais do que evidente possibilidade de derrapagem dos custos orçamentados para satisfação dessa empáfia megalómana.
Entretanto, e como é facílimo de prever, não tardará a deparar-se um tremendo problema de sobrevivência para um número crescente de gente desempregada que vai sofrer as consequências da falta de solução rápida para a crise, dentro e fora da União Europeia. Para esses seres humanos tem de ser encontrada uma saída urgente, mesmo que ela envolva um certo grau de improvisação e não represente uma garantia de trabalho para a vida.
Por outro lado, a crise significará certamente o sério risco, para o património cultural, de uma crescente escassez de meios financeiros, tanto da parte do sector público como do privado, assim afectando não só o mercado da arte, mas também o restauro e conservação dos monumentos e muitos outros elementos, típicos ou atípicos, da herança cultural. Não custa prever que a intervenção do Estado se vai tornar mais difícil e que o apoio assegurado por mecenas e patrocinantes privados tradicionais será retirado ou diminuirá substancialmente em muitas situações.
Aqui há tempos, no blogue SEDES, Luís Campos e Cunha acusava o Estado de não cumprir com as suas responsabilidades na área da Cultura, observando que essa irresponsabilidade se tem acentuado nos anos mais recentes. E acrescentava: "Veja-se o orçamento do Ministério da Cultura para 2009. Não faltam recursos para grandes obras de betão e ferro, mas não há dinheiro para manter uma colecção, ou para abrir o museu aos fins de semana, ou para manter monumentos, ou para fazer arqueologia, ou Tudo isto enriqueceria Portugal, torná-lo-ia mais atractivo para visitantes de qualidade e daria mais emprego que uma auto-estrada ou, pior ainda, um caminho de ferro de luxo para Madrid."Deveríamos ter presente que a actual crise económica e financeira implica iniciativas ousadas que apontem a salvar a economia e sejam razoavelmente moduladas quanto ao seu escopo imediato. De dia para dia, há cada vez mais pessoas que perdem os seus empregos e paira no ar uma pesada incerteza quanto às medidas que poderão ser mais eficazes, independentemente de previsões mais ou menos optimistas, porque oficiais ou oficiosas, quanto ao impacto das intervenções governamentais. Uma profunda inquietação instalou-se na sociedade.
Por isso, e mesmo não se tendo uma visão economicista da Cultura, pensar a conservação do património, a sua valorização e a sua promoção como uma das componentes do desenvolvimento económico a curto prazo devia ser parte da estratégia para enfrentar a crise actual. Isso criaria mais empregos do que os investimentos faraónicos em obras públicas. Tanto o chamado small business, como investimentos bem orientados são vectores-chave para o estímulo da economia e a criação de emprego, evitando a criação de elefantes brancos ingeríveis.
A experiência mostra que as actividades culturais correspondem a um mercado crescente que pode ser redimensionado a cada momento, com vantagens seguras tanto na preservação e valorização do património cultural, como no reforço da auto-estima e do sentido de pertença a uma comunidade e ao seu sistema concreto de valores culturais.
Assim, também a herança cultural cria a possibilidade de empregos, de formação e de qualificações, quer práticas, quer teóricas, para vários segmentos da população, especialmente o dos jovens. Muitas actividades ligadas ao património e à cultura podem ser suportadas por instituições e autoridades locais, regionais e nacionais, e abrir caminho a pequenas e medias empresas e a projectos bem sucedidos.
Deveríamos olhar para esta crise como uma oportunidade para promover os pequenos negócios, a inovação, a criatividade e a concorrência. E a área do património não pode ficar de fora.

terça-feira, março 10, 2009

20 Anos Sociologia FEUP


Ao fim de uns bons anos regressei à minha Faculdade a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra ... foi um sentimento enigmático ...


Um bom regresso entenda-se ...


Estava à espera de encontrar mais colegas ... só mulheres (também eramos a maioria) - Madalena, Gina, Teresa, Cristina, Romi, Carla e Eu -


Uma noção de espaço diferente ...


O reencontro com bons Mestres, o Decano Boaventura de Sousa Santos, a Professora Sílvia Portugal, Professor Casimiro, Professor Carlos Fortuna, a Professora Vírginia, Professora Paula Abreu, Professor Caludino, ...


O reencontro com outros ..., os que não foram Mestres, mas também fizeram parte do percurso ...


O reencontro com antigos colegas, agora acredito que bons Mestres, o Hermes, o Daniel, ...


Valeu a pena voltar, Valeu pelo sentimento de querer voltar àquela Escola e voltar a estudar ...


Obrigado à Professora Virginia (achei que estava bonita) e ao Hermes pela organização do Encontro.


Espero que até breve ....




quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Concerto "Canto Lírico" - A não perder ...


A não perder, a voz da Rita Moldão é linda ....


Concerto “Canto Lírico”
21h30
7 de Fevereiro 2009


Edifício da Câmara Municipal de Paços de Ferreira

Programa

1ª Parte

Ave Maria Schubert
Violette Scarlatti
La ci darem la mano Mozart
Deh viene alla finestra Mozart
Ave Maria Gounod
Amazing Grace Espiritual Negro
Ombre legere Meyerbeer
Votre toast (Toreador) Bizet
Les filles de Cadix Delibes
Pa pa Papagueno Mozart

2ª Parte

Can´t help falling in love Peretti e Creatore
Edelweiss Richard Rodgers
Over the Rainbow Harold Arlen
Moon River Henry Mancini
When I fall in love Victor Young
I feel pretty Bernstein
Arrivederci Roma Renato Rascel
Quando, quando Tony Renis
Ah non credea mirarti Bellini
Eu sei que vou te amar Tom Jobim
All I ask of you Weber
Dueto dos Gatos Rossini


Soprano: Rita Moldão
Barítono: Pedro Telles
Piano: Jairo Grossi